segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Anish Kapoor, Monumenta2011

Primeira reação é de certo receio... Afinal estamos passando por uma porta giratória após ler : "o ambiente é levemente pressurizado. Mulheres grávidas antes dos três meses devem se abster, desaconselhado para quem tem problemas cardíacos, para quem tem qualquer problema respiratório. Mesmo não estando entre o grupo de risco, me pergunto se realmente tenho certeza disso.
Aquela portinhola girando sugere, por uma fração de segundo o portal do inferno de Rodin, a caixa de pandora que vai te tragar, a arca de Noé, e pode ter certeza, tuas antenas de alerta estão acesas, está tudo acionado sensorialmente. O olho arregalado, o instinto se prepara para o bote. Coragem? ela vem titubeante, quando justamente percebemos que tem alguém do outro lado do portal do desconhecido e você não estará completamente tonta no escuro sem saber para onde ir. Que alívio.
Fui engolida! os olhos levam alguns segundos para se ajustar `a escuridão e... aquela estrutura gigantesca aparece. "Uwao"!! entrei no ventre do universo! voltei p'ro ventre da mãe. Tem o buraco negro no espaço, que eu tenho certeza absoluta que é exatamente assim. O artista materializou o cosmos diante dos meus olhos cheios de fascinacão.
Kapoor é orgânico. Ele propõe a experiência a cada visitante. Não nos é dado o direito de ser um expectador desatento. Goste ou não goste você entrou num diálogo corporal e um "amaravilhar-se" toma conta. Sem dúvida nenhuma, algo acontece de único, que só você testemunha. Gigantesco e tão subtil. Ele te reconecta `a uma certa calma, a "sensação do belo", certo, um belo que habita dentro de cada um, e vai permear toda a experiência que permanecerá conosco. Coisa bem rara.
Comigo provocou o voltar ao meu idioma natal, algo que nunca havia acontecido... quando contava em fancês para um amigo que eu tinha visto a exposição, tive que ajustar a língua várias vezes- apelo inconsciente que buscava expressar o conjunto de percepções indelével?. Eu repetia as mesmas palavras do primeiro instante ante a surpresa do primeiro momento dentro da obra: "uau que Lindo, que Coisa Linda... é o Cosmos".
O material utilizado permite o jogo da transluscência e então, toda a belaza do Grand Palais se torna parte da obra.
A obra está viva. Ela reage ao som e a luz, nunca igual. "MONUMENTA" é também, Momento e Imaginário em Movimento.
C'est la cour des grands...



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